CICLO DA PÁSCOA
QUARESMA
INÍCIO: Quarta-Feira das Cinzas
TÉRMINO: Quarta-feira da Semana Santa
ESPIRITUALIDADE: Penitência e conversão
ENSINAMENTO: A misericórdia de Deus
COR: Roxa
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PÁSCOA
INÍCIO: Quinta-feira Santa (Tríduo Pascal)
TÉRMINO: No Pentecostes
ESPIRITUALIDADE: Alegria em Cristo Ressuscitado
ENSINAMENTO: Ressurreição e vida eterna
COR: Branca
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Tempo da Quaresma
O domingo da Septuagésima enceta o segundo ciclo do ano eclesiástico, a época da Páscoa, que termina com o último domingo de Pentecostes.
A – Preparação para a Festa da Páscoa
Os três domingos consecutivos da Septuagésima, Sexagésima e Qüinquagésima, têm por fim encaminhar os fiéis à preparação próxima da festa da Páscoa: a Quaresma.
Chama-se Quaresma os 40 dias de jejum e penitência que precedem à festa da Páscoa. Essa preparação existe desde o tempo dos apóstolos, que limitaram sua duração a 40 dias, em memória do jejum de Jesus Cristo no deserto. Durante esse tempo a Igreja veste seus ministros com paramentos de cor roxa e suprime o cânticos de alegria: o "Glória", o "Aleluia" e o "Te Deum".
Na IV.ª feira depois do Domingo da Qüinquagésima, dia em que começa a Quaresma, a Igreja faz a imposição das cinzas (Quarta-feira de Cinzas), para lembrar aos fiéis que são pó e em pó se hão de tornar.
Nesse tempo santo convém:
a) Fazer penitência, observando a lei do jejum;
b) Ouvir com freqüência a palavra de Deus;
c) Preparar-se por uma boa confissão para a comunhão pascal.
Em virtude de um indulto especial, concedido à América do Sul, os fiéis, de 21 anos completos até 60 anos de idade, são somente obrigados a jejuar: com abstinência de carne, na Quarta-feira de Cinzas e nas sexta-feiras; sem abstinência de carne, nas quartas-feiras e na Quinta-feira Santa. [Porém, agrada a Nosso Senhor que você faça sacrifícios em honra ao seu Sacratíssimo Coração].
O quinto domingo da Quaresma chama-se Domingo da Paixão. A partir desse dia, a Igreja, em sinal de luto, encobre com um véu as estátuas e as imagens de Nosso Senhor e dos santos. Na sexta-feira dessa semana é a festa de Nossa Senhora das Dores.
A última semana é a Semana Santa; chama-se santa, porque nesses dias se comemoram os maiores mistérios praticados por Jesus Cristo para a redenção do gênero humano. Começa com o:
Domingo de Ramos. – Antes da Missa paroquial, o sacerdote benze solenemente os ramos e os distribui ao clero e aos fiéis, que os levam primeiro em procissão e depois para suas casas. Esta cerimônia simboliza a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, seis dias antes de sua paixão. Durante a Santa Missa canta-se ou lê-se a narração da Paixão, escrita por São Mateus (na terça-feira a de São Marcos; na quarta-feira a de São Lucas e na sexta a de São João), que exprime claramente quais devem ser os sentimentos e afetos do verdadeiro cristão durante toda a Semana Santa.
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"Todos pecamos, e todos precisamos fazer penitência", afirma São Paulo. A penitência é uma virtude sobrenatural intimamente ligada à virtude da justiça, que "dá a cada um o que lhe pertence": de fato, a penitência tende a reparar os pecados, que são ultrajes a Deus, e por isso dívidas contraídas com a justiça divina, que requer a devida reparação e resgate. Portanto, a penitência inclina o pecador a detestar o pecado, a repará-lo dignamente e a evitá-lo no futuro.
A obrigatoriedade da penitência nasce de quatro motivos principais, a saber:
1º. - Do dever de justiça para com Deus, a quem devemos honra e glória, o que lhe negamos com o nosso pecado;
2º.- da nossa incorporação com Cristo, o qual, inocente, expiou os nossos pecados; nós, culpados, devemos associar-nos a ele, no Sacrifício da Cruz, com generosidade e verdadeiro espírito de reparação.
3º.- Do dever de caridade para com nós mesmos, que precisamos descontar as penas merecidas com os nossos pecados e que devemos, com o sacrifício, esforçar-nos por dirigir para o bem as nossas inclinações, que tentam arrastar-nos para o mal;
4º.- do dever de caridade para com o nosso próximo, que sofreu o mau exemplo de nossos pecados, os quais, além disso, lhe impediram de receber, em maior escala, os benefícios espirituais da Comunhão dos Santos.
Vê-se daí quão útil para o pecador aproveitar o tempo da Quaresma para multiplicar suas boas obras, e assim dispor-se para a conversão.
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Segundo os Santos Padres, a Quaresma é um período de renovação espiritual, de vida cristã mais intensa e de destruição do pecado, para uma ressurreição espiritual, que marque na Páscoa o reinício de uma vida nova em Cristo ressuscitado.
A Quaresma tem por escopo primordial incitar-nos à oração, à instrução religiosa, ao sacrifício e à caridade fraterna. Recomenda-se por isso a freqüência às pregações quaresmais, a leitura espiritual diária, particularmente da Paixão de Cristo, no Evangelho ou em outro livro de meditação.
O jejum e abstinência de carne se fazem para que nos lembremos de mortificar os nossos sentidos, orientando-os particularmente ao sincero arrependimento e emenda de nossos pecados.
A caridade fraterna — base do Cristianismo — inclui a esmola e todas as obras de misericórdia espirituais e corporais. [1]
Quais são as Obras de Misericórdia?
Corporais
| Espirituais |
1. Dar de comer a quem tem fome.
2. Dar de beber a quem tem sede.
3. Vestir os nus
4. Dar pousada aos peregrinos
5. Assistir aos enfermos.
6. Visitar os presos.
7. Enterrar os mortos.
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1. Dar bom conselho.
2. Ensinar os ignorantes.
3. Corrigir os que erram.
4. Consolar os tristes.
5. Perdoar as injúrias.
6. Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo.
7. Rogar a Deus por vivos e defuntos.
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Tríduo Pascal
TRÍDUO PASCAL DA PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DO SENHOR[2]
01 - Na vida litúrgica da Igreja celebramos a páscoa de Cristo não só a cada oitavo dia, no domingo, como páscoa semanal, mas sobretudo na Semana Santa, como páscoa anual, no chamado Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. E a celebração do Tríduo Pascal é o centro não só do ciclo da páscoa como tal, mas também de toda a liturgia e da vida da Igreja. Na liturgia ocupa o primeiro lugar em ordem de grandeza, não havendo, pois, nenhuma outra celebração que se possa colocar em seu nível. É portanto o cume da liturgia e de todo o acontecimento da redenção. Por isso, deveria estar mais presente, como tema, em toda catequese e ser objeto de formação e de interiorização nos encontros eclesiais, principalmente nas equipes de liturgia.
02 - Começa o Tríduo Pascal na Quinta-Feira Santa, na missa vespertina, chamada "Ceia do Senhor", véspera da paixão e morte do Senhor, tem seu centro na Vigília Pascal do Sábado Santo e encerra-se com a missa vespertina do Domingo da Páscoa.
03 - O Tríduo Pascal não é - saibamos - um tríduo que nos prepara para o Domingo da Páscoa, mas um tríduo celebrativo do Mistério Pascal de Cristo, que culmina no domingo, "Dia do Senhor". Trata-se, pois, de uma única celebração, em três momentos distintos, o que ainda não é devidamente compreendido por muitos. Santo Agostinho o chama de sacratíssimo tríduo do Senhor sepultado e ressuscitado.
04 - Identifica-se a ação contínua da liturgia no Tríduo Pascal com a verdade histórica dos últimos momentos de vida do Redentor, ou seja, o fato histórico é seguido de maneira cronológica na liturgia. Entregue, pois, na noite da Quinta-Feira Santa, o Divino Mestre ficou entregue a seus inimigos, sem oferecer resistência, sem clamar por legiões angélicas (Cf. Mt 26,53) e totalmente disponível para o grande sacrifício da redenção. Verdade é que Cristo caminhou livremente para Jerusalém, depois da Ceia de Betânia (Cf. Jo 12,12), sabendo que já se aproximava a hora de dar glória ao Pai e de ser pelo Pai glorificado (Cf. Jo 12,23).
05 - Na qualificação litúrgica, podemos dizer que, assim como o domingo derrama para os dias da semana a vitalidade da páscoa do Senhor, o Tríduo Pascal derrama para todo o Ano Litúrgico a eficácia do evento redentor de Cristo. Por aqui podemos entender que a liturgia gravita em torno do Mistério Pascal de Cristo, na sua expressão mais viva: a Eucaristia.
06 - Aplica-se sobretudo ao Domingo da Páscoa tudo o que se diz sobre o domingo, como fundamento do Ano Litúrgico. E mais: o Domingo da Páscoa deve ser visto, celebrado e vivido como o "domingo dos domingos", dia, pois, sagrado por excelência. Se todos os domingos do ano já têm primazia fundamental sobre todos os outros dias, o Domingo da Páscoa destaca-se ainda mais pela sua notoriedade cristã, dada a sua relação teológica com o Senhor Ressuscitado, (Kyrios).
07 - Segundo Santo Hipólito, "...Cristo brilha sobre todos os seres mais do que o sol! É por isso que, para nós que cremos nele, se instaura um dia de luz, longo, eterno, que não se apaga: a páscoa mística".
QUINTA-FEIRA SANTA
08 - Na véspera de sua paixão, Cristo orou no Monte das Oliveiras (Cf. Mt 26,36) e teve sua paixão concretamente iniciada. Desejando ardentemente celebrar a páscoa com os seus discípulos (Cf. Lc 22,14-15), ele então os reúne e com eles celebra a Ceia Santa. Sua morte sacrifical é aqui antecipada sacramentalmente, isto é, sua entrega na cruz, que aconteceria no dia seguinte, aqui se faz real e misticamente, em mistério, pois a antecipação sacramental da própria morte está fora das estreitezas da ação puramente humana.
A ultima ceia, a traição de Judas, a Eucaristia |
09 - A Eucaristia, verdadeiro sacrifício e sacramento da eterna redenção, é então nesse dia instituída, como também é instituído o sacerdócio ministerial ordenado e promulgado o mandamento novo do amor.
10 - Como sabemos, na liturgia o evangelho sempre narra a temática principal da celebração, o que, porém, não acontece na Quinta-Feira Santa, onde a instituição da Eucarística nos é transmitida pela narração de São Paulo, na segunda leitura, como tradição paulina da comunidade primitiva. No evangelho, de João, vemos o exemplo de Jesus, lavando os pés dos discípulos e dando-lhes o mandamento do amor, no rito do "Lava-pés", que a Igreja também conserva, em rara mimese litúrgica. Podemos dizer que o rito simbólico do "Lava-pés" aponta-nos o serviço fraterno, que deve nascer sempre de nossa vida sacramental e eucarística.
10 - Como sabemos, na liturgia o evangelho sempre narra a temática principal da celebração, o que, porém, não acontece na Quinta-Feira Santa, onde a instituição da Eucarística nos é transmitida pela narração de São Paulo, na segunda leitura, como tradição paulina da comunidade primitiva. No evangelho, de João, vemos o exemplo de Jesus, lavando os pés dos discípulos e dando-lhes o mandamento do amor, no rito do "Lava-pés", que a Igreja também conserva, em rara mimese litúrgica. Podemos dizer que o rito simbólico do "Lava-pés" aponta-nos o serviço fraterno, que deve nascer sempre de nossa vida sacramental e eucarística.
Lava-me todo, então! |
11 - A exemplo do que foi mostrado no Domingo de Ramos, a liturgia da Quinta-Feira Santa vai estar inserida também na dupla característica do Mistério Pascal: a cruz e a glória, como pode-se ver desde o canto de entrada, inspirado em Gl 6,14 (Gloriar-se na cruz de Cristo). É, pois, celebração solene, com incensação, ornamentação da igreja e do altar, canta-se o Glória, mas não se canta o Aleluia nem se recita o "Creio". Em lugar do Aleluia, canta-se a aclamação do "mandamento novo". Após o canto do Glória, o órgão deve silenciar-se, como também outros instrumentos, o que mostra claramente o clima da paixão de que já se revestiu a liturgia. Também no fim da celebração, o altar é desnudado, e os ritos finais cedem lugar à procissão do Santíssimo para a capela lateral. É muito desejável que, nesse dia, onde for possível, se dê a comunhão sob as duas espécies.
12 - A liturgia da Quinta-feira Santa é a mesma para todos os anos, e todos os seus textos são de intensa riqueza. Na oração do dia, "que se concentra na idéia da instituição da Eucaristia como sacrifício e como banquete do amor", pedimos a Deus que também nós cheguemos à plenitude da vida e do amor. A leitura do Antigo Testamento vai nos falar do cordeiro pascal, cujo sangue serviu de sinal para a libertação do povo de Israel, e a ceia noturna daquele povo foi uma introdução à saída da escravidão, tudo portanto como figura da libertação definitiva que, mais tarde, Deus providenciaria na pessoa de seu próprio Filho, como recordamos na liturgia e atualizamos de maneira sacramental.
13 - Tudo então na Quinta-Feira Santa nos leva à descoberta do amor. Cristo nos dá um mandamento novo, e no rito do "Lava-pés" ele nos mostra que veio não para ser servido, mas para servir, mandando-nos fazer o mesmo, a fim de o seguirmos nas trilhas da redenção. É ele, pois, que nos escolhe e nos ama primeiro, na nossa condição real de pecadores. Não espera que nos tornemos dignos de seu amor, mas ama-nos em nossa indignidade. Esta é a ótica de todo o Mistério Pascal: Deus nos ama com amor misericordioso, acima de nossa compreensão. Não nos ama porque somos amáveis, mas se somos amáveis é porque ele nos ama.
12 - A liturgia da Quinta-feira Santa é a mesma para todos os anos, e todos os seus textos são de intensa riqueza. Na oração do dia, "que se concentra na idéia da instituição da Eucaristia como sacrifício e como banquete do amor", pedimos a Deus que também nós cheguemos à plenitude da vida e do amor. A leitura do Antigo Testamento vai nos falar do cordeiro pascal, cujo sangue serviu de sinal para a libertação do povo de Israel, e a ceia noturna daquele povo foi uma introdução à saída da escravidão, tudo portanto como figura da libertação definitiva que, mais tarde, Deus providenciaria na pessoa de seu próprio Filho, como recordamos na liturgia e atualizamos de maneira sacramental.
13 - Tudo então na Quinta-Feira Santa nos leva à descoberta do amor. Cristo nos dá um mandamento novo, e no rito do "Lava-pés" ele nos mostra que veio não para ser servido, mas para servir, mandando-nos fazer o mesmo, a fim de o seguirmos nas trilhas da redenção. É ele, pois, que nos escolhe e nos ama primeiro, na nossa condição real de pecadores. Não espera que nos tornemos dignos de seu amor, mas ama-nos em nossa indignidade. Esta é a ótica de todo o Mistério Pascal: Deus nos ama com amor misericordioso, acima de nossa compreensão. Não nos ama porque somos amáveis, mas se somos amáveis é porque ele nos ama.
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